quarta-feira, 26 de março de 2014

Antonio Filipe Camarão

Antônio Filipe Camarão (local incerto, c. 1580/1600  — Recife, 24 de agosto de 1648) foi um indígena brasileiro da tribo potiguar, nascido no início do século XVII no bairro de Igapó, na cidade de Natal, na então Capitania do Rio Grande (hoje, o estado do Rio Grande do Norte). Tinha, como nome de nascença,Poti ou Potiguaçu, nomes tupis que significam, respectivamente, "camarão" e "camarão grande". Ao ser batizado e convertido ao catolicismo em 1614, recebeu o nome de Antônio e adotou o "Filipe Camarão" em homenagem ao soberano dom Filipe II (1598-1621).
Educado pelos jesuítas, era ele, segundo frei Manuel Calado, "destro em ler e escrever e com algum princípio de latim"; considerava de suma importância a correção gramatical e a pronúncia do português, "era tão exagerado em suas coisas, que, quando fala com pessoas principais, o fazia por intérprete (posto que falava bem o português) dizendo que fazia isto porque, falando em português, podia cair em algum erro no pronunciar as palavras por ser índio". Seu trato era comedido e "mui cortesão em suas palavras e mui grave e pontual, que se quer mui respeitado". Uma visão romântica de Filipe Camarão, por Victor Meirelespor Matias de Albuquerque desde 1630, como voluntário para a reconquista de Olinda e do Recife. À frente dos guerreiros de sua tribo, organizou ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos invasores.
Sempre acompanhado de sua esposa, Clara Camarão, tão combatente quanto ele, destacou-se nas batalhas de São Lourenço (1636), de Porto Calvo (1637) e de Mata Redonda (1638). Nesse último ano participou ainda da defesa de Salvador, atacada por Maurício de Nassau.
Distinguiu-se, na primeira, comandando a ala direita do exército rebelde na Primeira Batalha dos Guararapes (1648), pelo que foi agraciado com a mercê de "dom", o "hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo", o "foro de fidalgo com brasão de armas" e o título de "capitão-mor de Todos os índios do Brasil".
Em Pernambuco, em 1645, durante a Insurreição Pernambucana, Filipe Camarão lutou na batalha de Casa Forte, quando os pernambucanos vitoriosos, no Monte da Tabocas, hoje Vitória de Santo Antão, se aproximaram do Recife e fundaram o Arraial Novo do Bom Jesus, ao lado da atual estrada do Forte em Iputinga. Os revoltosos tomaram a casa de Dona Ana Paes, senhora de engenho, casada com um flamengo e amiga de Maurício de Nassau. Filipe Camarão participou ativamente da tomada do Engenho Casa Forte, onde na região da várzea do rio Capibaribe, estruturaram o cerco à cidade do Recife
Filipe Camarão esteve presente também na primeira batalha dos Guararapes, em 19 de abril de 1648, onde o inimigo ficou isolado, em determinados pontos do território. Filipe adoece e se retira para o Engenho Novo de Goiana, onde morre, e não participa da retomada do Recife em 1654
Morreu no Arraial Novo do Bom Jesus (Pernambuco), em 24 de agosto de 1648, em consequência de ferimentos sofridos no mês anterior, durante a Batalha dos Guararapes. Após a sua morte, foi sucedido no comando dos soldados insurgentes indígenas por seu sobrinho dom Diogo Pinheiro Camarão.
Palácio Filipe Camarão, sede da prefeitura de Natal - RN
O Palácio Filipe Camarão, sede da prefeitura de Natal, e um bairro da mesma cidade, homenageiam o seu nome. Da mesma forma, o Exército Brasileiro denomina a Sétima Brigada de Infantaria Motorizada como Brigada Filipe Camarão.
7º batalhão de infantaria Brigada Filipe Camarão
Em 6 de agosto de 2012, a Lei Federal 12 701, reconhecendo sua importância na história do Brasil, determinou que o nome de Antônio Filipe Camarão fosse inscrito no Livro de Heróis da Pátria (conhecido como "Livro de Aço"), depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um cenotáfio que homenageia os heróis nacionais localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília.


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